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Como entrar no mercado internacional de design

Como eu consegui botar meu pé no mercado internacional e ter um fluxo de trabalho com 95% de clientes de fora do Brasil

Victor Berbel

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Neste artigo eu vou usar como exemplo a minha experiência como designer digital, mas creio que a mesmas estratégias podem ser usadas se você é designer gráfico, fotógrafo ou faz qualquer tipo de trabalho que seja relacionado a design e que possa montar um portfólio com seus trabalhos.

Quando comecei minha carreira como designer, em 2008, naquela época não existiam títulos como UI/UX Designer ou UX Designer, se você fazia sites era conhecido como “Web Designer”, e desde aquela época eu já tinha vontade de tentar entrar no mercado de fora do país.

Onde tudo começou

Em 2010 eu tinha 1 ano e meio de experiência como Web Designer e meu objetivo, mesmo trabalhando em agência de publicidade, era de crescer na minha profissão e conseguir mais contatos para eventuais trabalhos como freelancer.

Pouco mais de 10 anos atrás, 2010

Naquela época o mercado de design em São Paulo estava bem aquecido e agências como a Gringo.nu (quem se lembra?) faziam trabalhos para diversos clientes do Brasil e de fora e eu pensava “Como eu consigo fazer trabalhos para fora?”. Na minha cabeça fazia sentido porque o real é desvalorizado (em relação ao euro e dólar) e para clientes de fora valia a pena gastar menos e ter um trabalho de qualidade. Este pensamento grudou em mim e me motivou a mandar vários e vários e-mails para agências do mundo todo oferecendo meus serviços como designer.

O método que eu usava para descobrir e-mails de agências era buscar no Google por “Digital Agency”, ver os resultados, encontrar o site que mais me chamava a atenção e enviar um e-mail com meu inglês super limitado escrito algo do tipo:

“Hi, My name is Victor Berbel, I do web design. Are you looking to get a project done for an affordable price?”

Print do meu gmail onde tem os e-mails antigos que eu enviava

Meu foco nesse e-mail era tentar jogar o benefício do menor investimento para estas empresas e ver o que mais respondiam. Resultado? De 100 e-mails que eu enviava eu devo ter recebido 1 ou 2 respostas, e elas eram sempre “Não, obrigado”.

Acredito que o envio de e-mail ter falhado miseravelmente foi pelo fato deu não conseguir me expressar de uma maneira correta. Toda a parte de cold e-mailing — que é a ação de enviar um e-mail não solicitado — depende muito do que você escreve no título e no conteúdo.

Inglês é fundamental

Quando você fala Inglês em um nível onde você entende o que te falam e consegue formar o mínimo de frases para ter uma conversa — independente do tema— você começa a expandir seus horizontes de trabalho.

Cena clássica do filme Pulp Fiction

Quando você trabalha somente para clientes do Brasil, você acaba ficando "preso", na maior parte das vezes, em apenas um país, mesma cultura, mesmo estilo de trabalho, etc; e quando você fala Inglês suas opções se expandem e você consegue ter acesso a várias possibilidades e aprendizados.

Você não precisa esperar ter um nível de fluência para começar a procurar trabalhos fora do Brasil. Como a nossa língua nativa (e nem segunda língua) não é o Inglês, a melhora vem com o contato diário com o idioma e ter essa dinâmica de conversar com nativos e com pessoas que possuem domínio da língua.

Supply and demand

Você se lembra do Windows Phone? Aquele celular da Microsoft que foi lançado em 2010 e que a interface era chamada de Metro UI, onde não eram ícones bonitos como no iPhone ou Android.

O Windows Phone foi uma peça fundamental para eu conseguir meu primeiro freela para um empresa de fora. Foi em 2013 que eu lancei o meu primeiro projeto mobile onde eu refiz um app chamado Vine, que na época só estava disponível para iPhone (e eu não tinha um), então acabei criando a minha própria versão.

Projeto do aplicativo Vine para Windows Phone

Lembro que demorei um pouco mais de 1 mês para fazer o projeto todo e foram muitas descobertas naquela época. Coisa que hoje em dia é muito fácil encontrar tutoriais e cursos sobre design para mobile, naquela época o conteúdo era bem escasso e tinha que fazer tudo "na mão" e ir descobrindo pouco a pouco as partes do projeto.

Quando finalizei e postei no behance, não demorou muito para eu receber uma mensagem de uma empresa da Áustria sobre um projeto que eles queriam fazer para Windows Phone. Em épocas onde todos estavam focados fazendo design para iPhone e Android, eu percebi que tinha demanda mas ninguém estava fazendo design para Windows Phone, então se for tirar algo disso, procure fazer algo que a maioria não está fazendo.

Dá-lhe Behance

Mesmo trabalhando durante meses para essa empresa da Áustria a minha rotina era: trabalhar na agência durante o dia e para esta empresa durante a noite. Continuava mandando e-mail para as agências de publicidade e estúdios de design de fora do país, porém ainda sem sucesso. Foi daí que eu comecei a aplicar para todos os jobs de freelancer que eu via no Job Board do Behance, mesmo se eu não tivesse 100% das qualificações eu aplicava mesmo assim.

Job board do Behance

Até que em Dezembro de 2013 eu apliquei para um freela de 2 semanas que, após o término do contrato, me rendeu um trabalho que durou 4 anos e meio. Tive a oportunidade de fazer diversos projetos para clientes grandes, como: Walmart, Dollar General, Gamestop e também para startups como Cience, Helpware e Brainware. Infelizmente todos esses projetos foram feito sob um contrato de confidencialidade, então não pude incluí-los em meu portfólio.

Nesses 4 anos e meio, mesmo já trabalhando tempo integral e remotamente em uma empresa de fora, eu ainda me aplicava para projetos no Behance para ver o que mais eu poderia conseguir.

Objetivo de projetos

Até então, neste artigo, eu contei sobre a minha jornada com trabalhos de fora e algumas das estratégias que usei para entrar no mercado, mas não falei sobre os tipos de trabalho.

O meu foco sempre foi trabalhar com 3 frentes: websites, dashboards e aplicativos mobile e foi exatamente isso que eu sempre fiz e postei nas minhas redes (Behance e Dribbble).

Se o seu objetivo é "X ", procure focar nesse objetivo, assim você terá mais tempo para se dedicar, estudar e aprender. Não adianta você tentar fazer de tudo e esse tudo não te proporcionar um aprendizado e desenvolvimento. É sempre melhor ter 2 ou 3 projetos muitos bem feitos e focados no seu objetivo, do que fazer 20 diversos.

Também temos o fator plataforma. Se estamos falando de Behance, lá é o melhor lugar para postar case studies bem longos e explicar bem a decisão de cada parte do projeto. Já o Dribbble, eu uso como uma vitrine virtual para postar a maior quantidade de one-offs que eu conseguir.

Então, foca no seu objetivo e tire vantagem de cada plataforma da melhor forma possível.

Onde encontrar clientes

Lá em 2010 quando eu estava enviando e-mails e mais e-mails e ninguém estava me respondendo eu não sabia que a melhor forma de conseguir projetos é facilitar a forma como os clientes vão te encontrar.

Procurando por clientes

Se você faz algum tipo de trabalho criativo, você tem diversos canais para publicar seus trabalhos como Behance, Dribbble, Medium, Instagram, LinkedIn e até um site próprio. Ter um site próprio é algo de extrema importância porque você pode montar do jeito que quiser, colocando sessões sobre serviços que você oferece e até um formulário de contato.

Você sabe o que é Inbound e Outbound Marketing? Se você não sabe, é algo que eu recomendo fortemente estudar porque isso vai te trazer benefícios reais na procura de clientes fora do Brasil. Toda parte de conteúdo que você posta nas suas redes e no seu site podemos chamar de Inbound Marketing e Outbound é quando você chega em clientes por meio de e-mail e até uma campanha no Google Ads.

"Mas Victor, como eu encontro clientes?"

Você não encontra, você deixa fácil para eles que encontrem você. Se você realmente quiser procurar por clientes eu recomendo essas estratégias:

  • Ir no Angel.co e enviar mensagens para founders de startup com o seu trabalho;
  • Procure um projeto que possa ter uma melhora, exemplo: um app que tenha a navegação confusa. Refaça 3 ou 4 telas desse projeto, busque o dono da empresa no LinkedIn para marcar uma reunião e apresente sua proposta;
  • Envie e-mails não solicitados para agências, empresas e startups. (Veja este vídeo sobre como — Inglês)

Eu listei apenas 3 das estratégias que dão mais certo na procura de clientes, caso você tenha feito algo diferente eu adoraria saber :)

Para finalizar esse artigo, vamos fazer um recap:

  • Encontre uma demanda;
  • Inglês é fundamental;
  • Redes para postar seus trabalhos: Behance, Dribbble, Instagram, Medium e LinkedIn;
  • Publique/foque no trabalho que você quer trabalhar;
  • Seja fácil de encontrar (Inbound Marketing, Outbound Marketing, SEO, Google Ads);
  • Essa são as minhas experiências ao longo dos anos atuando nessa área e que funcionaram pra mim. Adoraria saber se você já faz/fez algo do tipo, se deu certo (ou não) e o que faz de diferente!

Tem um projeto para mim?

Vamos conversar!

Victor Berbel — UI/UX Designer — victorberbel.work

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Victor Berbel

My name is Victor Berbel, I’m a designer based in Brazil. I’ve been working in the design industry for 14 years doing all kinds of digital projects.